Em nosso primeiro encontro de 2019, conversamos sobre "Uma Duas", de Eliane Brum. Um relato forte sobre a relação de uma jornalista com sua mãe, que passa a exigir cuidados de saúde depois de um longo período afastada da filha.
Um certo incômodo com a leitura foi inevitável, bem como alguma surpresa com o final da história.
Além de descrever a relacao entre mãe e filha, o livro fala como foi a criação da mãe de Laura (Maria Lúcia), que foi criada apenas por seu pai, cercada de cuidados e sem contato com outras pessoas, vivendo uma vida isolada. As consequências desse isolamento em sua vida são descritas na obra.
O livro traz diversos temas a serem discutidos e analisados, como:
-Isolamento x exposição
-Distanciamento entre as pessoas ou falta de diálogo
-Empatia
Discutimos as partes que achamos interessantes do livro e levantamos questões de como o conhecimento sobre o mundo faz a diferença, pois a personagem principal foi criada pelo pai, isolada, conhecendo apenas o que o pai permitia, sem saber nada além do que ele achava apropriado. Ele queria protegê-la e acabou criando uma moça indefesa, que continuou sofrendo uma dependência afetiva com o porteiro, pois era a única vida que ela conhecia, era única relação com o mundo além do pai; ele se aproveitou de sua inocência diante do desconhecimento do mundo.
Ela sofreu situações de estupro e diante desse fato tinha repulsa, não sentia o sentimento de ser mãe, até que um dos bebês a olhou de uma forma que nunca tinha sido olhada e então ela o salvou, mas mesmo assim não tinha amor de mãe, ela não sabia o que era isso, ela nunca tinha sido cuidada ou amada.
No encontro, refletimos que os animais têm sentimentos de cuidado com suas crias. Como era possível ela não querer os bebês, ela não amar os filhos como partes dela? Chegamos à conclusão que isso também é aprendido, talvez perdemos um pouco desse instinto quando passamos por traumas muito grandes na vida, quando não conseguimos sentir o carinho, o amor.
Ficamos um pouco chocadas com a linguagem em que a autora escreve, muito crua, muito realista, de uma forma brusca, podendo ser comparada com a linguagem do livro O Cortiço. No encontro, muitas relataram que tiveram dificuldades em começar o livro, mas se surpreenderam com o rumo que a história levou e mesmo as que não puderam ler contribuíram relevantemente com a discussão, que foi muito produtiva.
Nós nos mostramos curiosas em conhecer mais sobre a autora, para saber o que a levou a escrever uma história assim, gostaríamos de saber suas experiências de vida e compreender o que a motivou a escrever uma história tão surpreendente e tão chocante.
Para quem quiser conhecê-la, segue um vídeo com uma palestra dela no TED:
Nossa próxima leitura será "O estrangeiro", de Albert Camus. A participação no Clube do Livro de Itapetininga é gratuita e não é preciso se inscrever previamente. O próximo encontro será no dia 9 de fevereiro, às 16h, na Biblioteca Municipal de Itapetininga.
Acompanhe também nossa página no Facebook: www.facebook.com/clubedolivrodeitapetininga
*Texto de Ariadne Pereira, Daniela Santana e Fernanda Gehrke.
Um certo incômodo com a leitura foi inevitável, bem como alguma surpresa com o final da história.
Além de descrever a relacao entre mãe e filha, o livro fala como foi a criação da mãe de Laura (Maria Lúcia), que foi criada apenas por seu pai, cercada de cuidados e sem contato com outras pessoas, vivendo uma vida isolada. As consequências desse isolamento em sua vida são descritas na obra.
O livro traz diversos temas a serem discutidos e analisados, como:
-Isolamento x exposição
-Distanciamento entre as pessoas ou falta de diálogo
-Empatia
Discutimos as partes que achamos interessantes do livro e levantamos questões de como o conhecimento sobre o mundo faz a diferença, pois a personagem principal foi criada pelo pai, isolada, conhecendo apenas o que o pai permitia, sem saber nada além do que ele achava apropriado. Ele queria protegê-la e acabou criando uma moça indefesa, que continuou sofrendo uma dependência afetiva com o porteiro, pois era a única vida que ela conhecia, era única relação com o mundo além do pai; ele se aproveitou de sua inocência diante do desconhecimento do mundo.
Ela sofreu situações de estupro e diante desse fato tinha repulsa, não sentia o sentimento de ser mãe, até que um dos bebês a olhou de uma forma que nunca tinha sido olhada e então ela o salvou, mas mesmo assim não tinha amor de mãe, ela não sabia o que era isso, ela nunca tinha sido cuidada ou amada.
No encontro, refletimos que os animais têm sentimentos de cuidado com suas crias. Como era possível ela não querer os bebês, ela não amar os filhos como partes dela? Chegamos à conclusão que isso também é aprendido, talvez perdemos um pouco desse instinto quando passamos por traumas muito grandes na vida, quando não conseguimos sentir o carinho, o amor.
Ficamos um pouco chocadas com a linguagem em que a autora escreve, muito crua, muito realista, de uma forma brusca, podendo ser comparada com a linguagem do livro O Cortiço. No encontro, muitas relataram que tiveram dificuldades em começar o livro, mas se surpreenderam com o rumo que a história levou e mesmo as que não puderam ler contribuíram relevantemente com a discussão, que foi muito produtiva.
Nós nos mostramos curiosas em conhecer mais sobre a autora, para saber o que a levou a escrever uma história assim, gostaríamos de saber suas experiências de vida e compreender o que a motivou a escrever uma história tão surpreendente e tão chocante.
Para quem quiser conhecê-la, segue um vídeo com uma palestra dela no TED:
Nossa próxima leitura será "O estrangeiro", de Albert Camus. A participação no Clube do Livro de Itapetininga é gratuita e não é preciso se inscrever previamente. O próximo encontro será no dia 9 de fevereiro, às 16h, na Biblioteca Municipal de Itapetininga.
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*Texto de Ariadne Pereira, Daniela Santana e Fernanda Gehrke.
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